No final dos anos 90, a estrela pornô Asia Carrera, escreveu sozinha em seu quarto o código de programação de seu próprio web site. Asia também hospedou seu próprio servidor Unreal Tournament que apresentava mapas personalizados projetados por fãs que frequentavam sua sala de bate-papo. Apresentando um QI admirável e incríveis habilidades de programação, Asia se auto intitulou a "nerd do pornô", e hoje, está ativamente envolvida na área de inteligência artificial e realidade virtual, e também fez contribuições significativas na área de segurança cibernética.
Hacking // Hustling, coletivo de profissionais do sexo, sobreviventes e cúmplices que trabalham na interseção entre tecnologia e justiça social para acabar com a violência facilitada pela tecnologia, afirma: “Apesar de serem pioneiras em novas tecnologias, as trabalhadoras do sexo estão sendo excluídas de serviços, plataformas e economias como parte de uma gentrificação digital em larga escala, higienização sexual e deslocamento.”
No texto "It's not web3 without sex worker sovereignty" (tradução: "Não é web3 sem soberania das profissionais do sexo") , escrito por Natrix (@onlynatrix // cryptonatrix.xyz // fuckthesystem.eth), fica nitido como o mundo e a internet podem ser sombrios para as profissionais do sexo, e a chamada “web3” - que seria uma nova articulação da Web, e surge com a proposta de uma criação de uma comunidade diferenciada - não é diferente. Segundo Natrix, a “web3”, é regida por um senso de "positividade tóxica", que ignora qualquer fator que se difere do "positivado", em suma destacado pelos homens de meia idade ou pelos "crypto bro’s", que integram em maioria a Web 3 e o mercado de NFTs.
A dominatrix Mistress Lienne, afirma que foram as profissionais do sexo que construiram a Internet. E que elas precisam desta tecnologia agora mais do que nunca para ter controle sobre suas arte (sem intermediários). Todavia, Lienne se utiliza da criptografia desde 2018, mas não cunhou nenhuma NFT, apesar de explorar plataformas potenciais. “Minha impressão de muitos desses projetos é que eles tentam, em sua maioria, replicar o modelo de negócios intermediário na web2 que desejo evitar. Eles ainda controlam o acesso à sua base, o que eu acho que vai contra todo o sentido da web3 e da criptografia.”
Durante os últimos anos, muito dinheiro foi feito a partir das NFTs. No entanto, a maioria desse dinheiro se concentra na mão de homens onde o padrão se estereotipa já faz um tempo. De acordo com um relatório publicado pela empresa de pesquisa do mercado de arte ArtTactic em novembro de 2021, as mulheres representavam apenas 16% do mercado de arte NFT. E segundo a revista Forbes, os homens dominam o mercado de NFTs como compradores e vendedores, nesse sentido, as mulheres não foram apenas excluídas do mercado como criadoras, mas elas também representam - globalmente, desde fevereiro de 2020 - apenas 4% do total de vendas de NFTs.
Reshma Saujani, começou a observar que havia mais meninos do que meninas em aulas de computação, pensando nisso, ela fundou o Girls Who Code. E em observação prática, percebeu que quando as mulheres aprendem a codificar elas criam coisas incríveis e com um senso de ajuda ao próximo impressionante. “Vivemos um mundo de mito que mulheres não são boas em matemática, além disso, as meninas são geralmente educadas para serem perfeitas e não corajosas. Os meninos são educados para serem bravos. Escalar, pular e serem destemidos. As meninas não. Temos, sim, de ensinar nossas meninas a serem bravas”. Ao longo do projeto, Reshma observou que as meninas possuem o hábito de escrever um código e logo apagar, pois pensam que está errado.
A possibilidade de errar não impediu que Lovelace tentasse. Ada Lovelace é mais conhecida por seu trabalho com o matemático britânico Charles Babbage e sua máquina analítica. O que torna Ada Lovelace notável é que ela viu além das capacidades de simples cálculos matemáticos da máquina analítica de Babbage, entendendo que a máquina poderia ser usada para realizar muito mais do que cálculos matemáticos, ela vislumbrou a ideia de que poderia ser programada para executar uma ampla variedade de tarefas, incluindo a criação de música, arte e até mesmo a geração de texto. Ada Lovelace escreveu notas explicativas sobre a máquina analítica de Babbage. Essas notas continham um algoritmo para calcular os números de Bernoulli usando a máquina analítica, tornando-se assim o primeiro programa de computador da história. No entanto, o reconhecimento de Ada Lovelace e de suas contribuições para a ciência da computação foi, em grande parte, tardio e ocorreu muitos anos após sua morte. E até hoje, mesmo após seu reconhecimento, suas anotações são julgadas como equivocadas, pois é alegado que elas continham "erros conceituais", juntamente a uma "compreensão limitada da máquina", e "suposições sobre a criatividade da máquina".
Angelica Ross, conhecida atualmente por suas performances em Pose e American Horror Story, quando estava começando, descobriu que suas escolhas de carreira como mulher negra trans eram limitadas. Ela então se concentrou em encontrar uma maneira de criar suas próprias oportunidades, e começou a assistir vídeos no YouTube para aprender codificação, design gráfico, edição de fotos e outras habilidades tecnológicas. Ela descobriu que era boa nisso e percebeu: “Posso ensinar outras pessoas”. Quando criou o TransTech Summit em 2017, Ross anunciou: “Não estamos mais pedindo capital; estamos criando isso.”
O sussurro de histórias não contadas ou pouco esclarecidas presentes em um plano "oculto" da internet, se manifesta dentro de buracos escavados, lugares afastados, apagados, distantes do palco de onde brilha a luz. Todavia, mesmo longínquo, essas narrativas se orientam pelo poder de auto sustento, e aparecem muitas vezes quando se aperta o CTL + Z. Força necessária para sua ação e fomentação, já que todo incentivo tecnológico se locomove em direção oposta. A internet, a grande ferramenta das forças armadas, criada quando o Departamento de Defesa dos Estados Unidos iniciou um projeto chamado ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network) como uma forma de pesquisa e comunicação entre instituições acadêmicas e militares, hoje se orienta como uma ferramenta de criação e acesso, porém nem todos os corpos receberam a permissividade efetiva para esse acesso. Os brinquedos tecnológicos, juntamente com a liberdade de falar alto, de tentar, errar e atrair atenção, foram consignados a certos grupos em questão. Logo, aquelas que não se integram nesses nichos, precisam forçar uma barreira penetrativa ou então encontrar brechas para que seja possível adentrar. Lugar não-lugar que se estipula, onde é necessário saber lutar ou então jogar. Em ambos os casos desenvolvendo estratégias reinantes para sobreviver numa realidade que abertamente não foi criada para internar.
Essa necessária postura ativa um ponto de condicionamento, onde se vive eternamente em um estado de insuficiência e alerta. Um alerta acionado repetidamente. Incômodo, mas tão natural e familiarizado. Porém, dentro dessa ordem, não há estrutura psíquica que se sustente sã por muito tempo. A falta de circulação e ventilação aumenta a temperatura do ambiente, refletindo em hardwares danificados e arquivos que se corrompem. Crise no sistema operacional. Talvez seja necessário resetar o aparelho. Dedução óbvia, poderia ter sido percebida antes. Mas o setor já está em chamas…
Condição plausível, não necessariamente destrutiva. Fogo é recurso de ação, e também prazer e transmutação. Aqueles que dormem em recusa e estagnação não sobrevivem, porém, quem é fogo não se queima.
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